Baiano demora para fechar ano letivo

Salvador, Bahia
Segunda-Feira , 27/08/2007

1º Caderno

Baiano demora para fechar ano letivo

O estudante baiano é o que passa mais tempo para concluir um ano letivo no País: 18 meses.

Isso acresce em 50% o tempo de permanência na escola. O dado é fornecido pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), calculado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), do Ministério da Educação (MEC).

Os últimos dados do Ideb datam de 2005 e apontam que a Bahia está na última posição, empatada com Piauí e Rio Grande do Norte, com nota 2,6 (de uma escala de 0 a 10), quando a avaliação é feita nos anos iniciais do ensino fundamental. O cálculo inclui resultados do Prova Brasil, que avalia alunos da 4ª à 8ª série do ensino fundamental, do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), pesquisa por amostragem, dos ensinos fundamental e médio, realizada a cada dois anos, e do Censo Escolar, um levantamento anual de informações estatístico-educacionais de âmbito nacional.

Os dados do Ideb referentes aos anos finais do ensino fundamental colocam a Bahia na 24ª posição, com nota 2,6, empatada com Piauí e Rio Grande do Norte e à frente de Paraíba (2,5), Alagoas (2,5) e Pernambuco (2,4). A situação melhora um pouco na avaliação ao final do ensino médio. Com média 2,7, a Bahia fica com a 18ª colocação, com Amapá e Pernambuco, deixando para trás Rio Grande do Norte (2,6), Paraíba (2,6), Pará (2,6), Mato Grosso (2,6), Maranhão (2,4), Amazonas (2,3) e Piauí (2,3).

A meta do MEC é que os Estados atinjam nota 6 até o ano de 2021. Pelo desempenho da Bahia em 2005, a projeção será alcançada em 2029. “Um décimo de acréscimo é um grande esforço. A meta não é fácil, nem baixa, mas também não é impossível”, afirma a secretária de Educação Básica do MEC, Maria do Pilar Lacerda Almeida e Silva. Segundo ela, 6 é a média dos 30 países mais desenvolvidos.

A secretária ressalta que o Ideb é um indicador de qualidade educacional e serve de referência para que Estados e municípios tenham uma mudança de atitude. De acordo com Maria do Pilar, 1.242 municípios brasileiros ficaram com nota inferior a 2,7, entre eles Salvador, que teve 2,8 nos anos iniciais e 2,2 nos anos finais do ensino fundamental.

Esses municípios serão priorizados pelo Ministério da Educação. Consultores farão o diagnóstico da infra-estrutura, qualificação de professores, atividades pedagógicas, entre outros aspectos. Essa radiografia servirá de suporte para que os municípios possam elaborar o Plano de Ação Articulada, traçando estratégias para melhorar a educação. Com esse plano, poderão firmar parcerias de apoio técnico e financeiro com o MEC. “Pela história, potencial cultural e de pesquisa da Bahia, vejo com tristeza os resultados”, lamenta Maria do Pilar.

 

Salvador, Bahia
Segunda-Feira , 27/08/2007

1º Caderno

Professores reduzem a taxa de repetência

FERNANDA SANTA ROSA
fsantarosa@grupoatarde.com.br

Com metodologia de ensino alternativa e comprometimento da comunidade escolar, a EscolaMunicipal Primeiro de Maio, no bairro de Massaranduba, está conseguindo driblar os padrões negativos da educação brasileira. Tanto que, a partir do dia 10 de setembro, a pequena unidade escolar vai ser apresentada nacionalmente em uma campanha televisiva do Ministério da Educação (MEC), como modelo de gestão.

O colégio foi escolhido depois que, no final do ano passado, se destacou no estudo Aprova Brasil, realizado pelo MEC em parceria com o Unicef. A pesquisa selecionou os 33 melhores resultados em aprendizagem num universo de 40 mil escolas públicas do País. Em apenas dois anos, a Primeiro de Maio conseguiu reduzir a taxa de repetência, de 32,1% para 6,8%, e o índice de evasão, de 12,2% para 4,7%, graças a projetos de valorização da identidade dos alunos e da comunidade.

No ano passado, o destaque foi o projeto Histórias e memórias de Itapagipe, que motivou os alunos, com pesquisas, palestras, maquetes e visitação aos locais históricos.

“Como o assunto tem a ver com a realidade das crianças, elas despertam o interesse, e os pais ficam mais participativos”, explica a diretora Simone Barbosa.

Ela conta que, este ano, a iniciativa tem continuidade com o programa Amar, cuidar e viver Itapagipe.

As aulas são voltadas para o meio ambiente. “A maioria dos pais são catadores de material reciclável, e tem muito menino que se sente humilhado. Explicamos a importância deste trabalho”, diz a diretora .

MUDANÇAS – O resultado se percebe em garotos como Jutahy Neves, 10 anos, aluno da 3ª série do ensino fundamental. Antes agressivo e disperso, o menino tem, hoje, notas acima da média e bom comportamento. “Antes, eu só tirava 2, era ruim mesmo nos estudos.

Agora, tiro 7 e até 9”, diz o estudante, com orgulho. O mesmo acontece com Alysson Santos, 11 anos, na 4ª série. “Já não faltava às aulas, mas agora está mais interessante, por causa da capoeira”, garante.

Outro ponto que indica o caminho para o sucesso é o envolvimento da população local, com professores voluntários de artes, música e capoeira. A professora Lindalva Lima, embora seja contratada, faz questão de se unir a este time da boa vontade e extrapolar as suas funções convencionais.

Conhecida moradora da comunidade, ela vai à casa de cada aluno da escola com mais de três faltas para saber os motivos da ausência.

“Além de ensinar, sou secretária e também ajudo na limpeza, porque acho que é um trabalho com amor.

Meus filhos se criaram aqui”, diz.

Apesar de bons resultados, a escola passa por dificuldades para se manter. A unidade tem instalações muito reduzidas para os 291 alunos da educação infantil à 4 série.

Os recursos da Secretaria Municipal de Educação (Smec) não são suficientes para garantir a expansão dos projetos.

“Fizeram uma reforma em janeiro, trocando as divisórias da sala, o que melhorou problemas, como o barulho. Mas falta muita coisa, como lugar para os eventos e atividades às quais a gente se propõe”, diz a diretora. Para a visitação do bairro, no ano passado, ela lembra que, por falta de um veículo, só teve uma solução: “Fomos somente a alguns lugares e a pé”.

 

Salvador, Bahia
Segunda-Feira , 27/08/2007

1º Caderno

Secretários em alerta

AMÉLIA VIEIRA
avieira@grupoatarde.com.br

O baixo desempenho da Bahia e de Salvador no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) sofrerá melhoras na próxima avaliação do MEC, prevista para 2008. É o que esperam os secretários de Educação do Estado, Adeum Sauer, e do Município, Nei Campello.

Para eles, intervenções estão sendo feitas para melhorar a qualidade do ensino.

A principal estratégia, no âmbito estadual, é mudar o antigo foco, ligado à gestão, e voltá-lo para o ensino-aprendizagem. Essa ênfase exige que os professores adaptem o ensino à realidade local. “Nosso desafio é promover uma educação continuada para que os professores possam construir mecanismos melhores nas condições dadas”, explica Sauer, que considera o incremento pedagógico mais relevante que infra-estrutura.

Na esfera municipal, o secretário Nei Campello destaca que os resultados do Ideb foram mensurados antes de sua gestão e que várias ações foram implementadas no intuito de melhorar a qualidade da educação. Uma delas é a mudança na política de formação de professores.

“Estamos combatendo a cultura da pedagogia da reprovação e implantando a pedagogia do sucesso”, revela Campello.

Ele explica que a metodologia não significa aprovação em massa, mas, sim, reconhecer a singularidade de cada criança e desenvolver o ensino-aprendizagem de acordo com suas características. Ambos os secretários reconhecem que existem mazelas na educação.

Mas são otimistas.

 

Salvador, Bahia
Segunda-Feira , 27/08/2007

1º Caderno

Especialista vê falhas de gestão e na formação de professores

Cuidar da educação pública não é prioridade. Esta é a opinião do professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Roberto Sidnei Macedo. Ele ressalta que o ensino público vem sofrendo declínio de qualidade, e entre as causas está a falta de infra-estrutura e valorização do educador, prejudicado por baixos salários e deficiente política de formação.

Outra questão é a qualidade duvidosa de cursos de pedagogia e licenciatura. “Eles não formam pesquisadores”, avalia, acrescentando que a sociedade precisa “assumir suas responsabilidades”.

Uma das conseqüências da falta de investimentos no setor é o crescente desinteresse pela profissão de educador. “Os cursos de licenciatura e de pedagogia sofrem uma retração.

Por outro lado, há expansão do mercado de trabalho, o que é uma contradição”, afirma Liliana Mercuri, vice-reitora da Universidade Católica do Salvador (Ucsal).

Para atrair alunos, as faculdades adotam estratégias, como reduzir as mensalidades para estas áreas. “Além de revisar o curso para melhor qualificar, demos abono de 30%”. Após atuar cinco anos, a pedagoga Cristiana Batista, 30 anos, optou por um emprego em empresa privada, atraída por um salário 40% superior. Depois de cinco anos, está concluindo o curso de administração. “Estava saturada de ganhar pouco”. (A.V. | F.S.R.)

 

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Encontros do TOPA unem Estado e municípios no combate ao analfabetismo
24/08/2007

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Um pacto contra os índices de analfabetismo que envergonham a Bahia. Esse foi o melhor dos resultados dos Encontros Regionais do Programa TOPA – Todos Pela Alfabetização, realizados de segunda-feira a hoje (24) em Itabuna, Vitória da Conquista, Feira de Santana, Cruz das Almas e Salvador. Os encontros reuniram cerca de 1500 pessoas, representantes de todos os 380 municípios e 160 entidades que aderiram e pactuaram metas de alfabetização. As aulas do programa iniciarão em 17 de setembro e seguem até março do ano que vem.

A superintendente de Desenvolvimento da Educação Básica, Ana Maria Teixeira, reafirmou hoje, durante Encontro realizado no Museu de Ciências e Tecnologia da UNEB (Imbuí), que “o TOPA é um programa prioritário da Secretaria da Educação e do Governo. Causa-nos um constrangimento muito grande o índice de analfabetismo da Bahia. É uma mancha que nos envergonha”. Teixeira ressaltou a participação das universidades nesses esforços pela alfabetização. “O conhecimento produzido deve ser revertido para a melhoria das condições de vida da sociedade”, complementou a vice-reitora da Uneb, Amélia Teresa.

A pró-reitora de Extensão da Uneb, Adriana Mármore, lembrou do compromisso institucionalmente assumido pela universidade, que se dispôs a cumprir pelo menos 50% da meta de alfabetizados nesses quatro anos de Governo. E salientou que a alfabetização não pode se resumir apenas à aprendizagem das letras, mas como ponto de partida para o preparo de cidadãos ativos que construam conhecimento e possibilidades de mudança social. “Os sujeitos precisam ter consciência do seu papel na sociedade”, disse a pró-reitora, para quem a educação é caminho para a formação desses cidadãos.

A secretária da Educação de São Sebastião do Passé, Adilza Carolina, representante da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação, ressaltou que cabe ao Estado e aos municípios imprimir total esforço para reduzir os índices de analfabetismo de forma urgente e drástica. “O conceito de nosso estado remete a uma grande força cultural, mas temos dados de analfabetismo que são uma vergonha”, comentou. O prefeito de Curaçá, Aristóteles Loureiro, espera que os prefeitos baianos sigam seu exemplo e “topem” também. “Fui um dos primeiros a topar”, salientou.

Mobilização – O coordenador de Mobilização e Articulação Política do TOPA, Jonas Nascimento, disse que a concepção do programa foi ampliada durante os encontros, já que foi possível a contribuição de representantes de municípios e entidades das diversas regiões do Estado. Jonas Nascimento ressaltou que em muitas localidades baianas as demandas não são apenas por educação. “As pessoas querem que essa conquista do direito à educação venha também acompanhada da conquista de outros direitos. Muitas pessoas carecem de registro civil, muitos precisam de óculos para acompanhar as aulas. Alimentação escolar e transporte são outras demandas freqüentes que detectamos”, conta.

O calendário de aulas do TOPA respeitará as cadeias produtivas de cada região. Nas regiões cacaueira, no sul do estado, e do café, região de Vitória da Conquista, há solicitação para que as aulas respeitem os períodos sazonais de trabalho, os tempos de plantio e colheita, por exemplo. Essa será uma preocupação para com a maioria dos povos do campo. A assessora da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado da Bahia (Fetag), Ediane Nascimento ressaltou que a maioria dos analfabetos da Bahia está no campo. “Por isso estamos aqui prontos para ajudar. Temos mais de duas mil turmas de pessoas inscritas que esperam ser alfabetizadas”, relatou.

Secretaria de Educação do Estado da Bahia
Assessoria de Comunicação Social

Desrespeito com professores

Sr. redator;

Gostaria de pedir encarecidamente ao jornal Correio da Bahia que fizesse uma reportagem sobre o desrespeito que professores concursados vêm sofrendo em toda Bahia. Os professores contratados estão ocupando vagas de professores concursados, isto é um descalabro que vem ocorrendo em toda a Bahia, atingindo centenas de pessoas. Minha esposa e outros colegas estão sendo vítimas dessa situação em Queimadas, só que eles não ocupam vagas de PST, pois foram escolhidas outras pessoas.
Muitos estão realmente com medo de denunciar, entretanto uma reportagem sobre o assunto teria um relevante papel social e de grande repercussão tirando muitos do medo que ainda os domina, uma vez que este jornal de credibilidade causa um impacto muito positivo na opinião pública.

Floriano Esteves
Queimadas – BA

 

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