Meire Nanci: A Educação e a Luta Sindical

Meire Nanci: A Educação e a Luta Sindical

Ao rever e repensar a Educação de Uauá   não podemos deixar de fazer uma breve descrição e análise do que tem sido a Educação e suas respectivas nuances  diante de sua trajetória, tendo o ano de 2000 como o divisor de águas. O que marcou o período que veio antes desse ano: retrocesso, professores leigos, jornada de trabalho exaustiva, sem contar que os professores eram despejados nas comunidades, sem conforto e tirando a  privacidade das famílias que os acolhiam de bom coração.

Porém, chegando aos idos de 2000, tudo começa a mudar, quando a categoria, por conta própria, começa a ganhar autonomia e do seu pouco salário retira um percentual para pagar seu transporte durante três dias na semana, ficando a prefeitura responsável por pagar os outros dois dias, correspondentes ao dia da ida e ao dia do retorno. Nesse mesmo ano, a categoria recebeu um golpe inusitado, ficando sem receber seus proventos do mês de dezembro e o décimo terceiro salário.

A categoria por sua vez sente a necessidade de se unir através da luta sindical que vai ganhar ênfase a partir de 2010, com a maior greve já realizada no município de Uauá sob uma nova maneira de se fazer sindicalismo, esse vindo a consagrar a luta com a aprovação do Plano de Carreira do Professor e o Estatuto do Magistério, regulamentando, através da lei, a carreira do professor e se tornando realidade o Piso Salarial. 

Diante de muita luta, com o apoio da categoria, conseguimos avançar na carreira, hoje ameaçada por uma gestão que vem se mantendo firme no silêncio em responder as perguntas conclamadas pela categoria através do sindicato (como aprovamos em assembleia que queríamos uma audiência para versar sobre o reordenamento da rede e não obtivemos resposta, os professores foram ignorados) que nos representa e que foi propulsor das principais conquistas e elogiado pelos que estão hoje no poder (até pouco tempo estavam do nosso lado gritando por democracia, diálogo e respeito aos nossos direitos).

Mesmo diante de todo clamor do nosso sindicato (APLB)  que nos representa muito bem (prova é que tem no seu quadro de sócios a maioria absoluta dos profissionais em educação), o único de categoria única no Estado da Bahia,  a gestão atual do prefeito Lindomar de Abreu Dantas (PC do B) vem se negando a manter o diálogo e a prova disso é que em nenhum momento  respondem aos ofícios enviados solicitando respostas das demandas que envolvem à pasta da Educação. O nosso sindicato (APLB) é, a todo o momento, descartado de qualquer mesa de diálogo, tendo prioridade o sindicato que não é próprio da categoria (e que sempre os gestores fizeram reunião em conjunto). Prova é que não nos respondem sobre o Terço de Férias, Reajuste do Piso. Até na mudança de nível que foi concedida, a APLB foi excluída da reunião (mesmo tendo feito toda mobilização com os professores). 

Esse engodo de gestão não respeita a nossa luta, não admite que nos posicionemos ou discutamos qualquer assunto. Por isso, que fique bem claro: no diálogo para chegar a um consenso se faz necessário ouvir as partes, ouvir o que não agrada. Porém, essa gestão não admite questionamentos, não admite ser contrariada, ela só admite a consagração de um amém aos seus desmandos autoritários, mas jamais iremos dizer amém a quem quer que seja, contrariando a luta contra a categoria. A luta não nos permite jamais ser condescendentes com aqueles que põem em risco a carreira de toda uma categoria.

Meire Nanci

Professora de História e Vice Coordenadora da APLB-UAUÁ.

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